A Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento tem como uma das suas principais e regulares iniciativas um programa de apoio a traduções de livros, de Inglês para Português e de Português para Inglês. O apoio é concedido duas vezes por ano, através de candidaturas que podem ser apresentadas durante os meses de Maio e de Outubro…
… E a edição mais recente do programa contemplou, entre outras obras, uma que sem dúvida suscita(rá) o interesse dos entusiastas e dos estudiosos dos anos de Setecentos. O título do romance («a novel», como os anglófonos dizem e escrevem), «Eleonora and Joseph – Passion, Tragedy, and Revolution in the Age of Enlightenment» («Leonor e José – Paixão, Tragédia e Revolução na Idade do Iluminismo»), mais parece o de uma dissertação académica, o que até se compreende quando se sabe pela sua biografia que a autora, Julieta Almeida Rodrigues, é uma professora da área de Letras que divide o seu tempo entre Portugal e os Estados Unidos da América. Esta é a sinopse (numa tradução minha): «Uma tentadora abordagem do Iluminismo encenada na Nápoles do século XVIII e nos recentemente cunhados Estados Unidos, tal como vista pelas lentes de duas poderosas figuras históricas: Leonor Fonseca Pimentel, que imaginou e lutou por uma República inspirada pela Revolução Francesa, e José Correia da Serra, um diplomata e um naturalista reconhecido internacionalmente. Presa em 1799 depois do regresso da Monarquia, e enquanto esperava a sua sentença, Leonor escreve uma memória sobre José, o amante adolescente que a abandonou. José, em adulto, encontra acidentalmente o manuscrito de Leonor na biblioteca de Thomas Jefferson enquanto visitava Monticello».
Há aqui algo de história alternativa, uma sugestiva combinação de facto e de ficção. Leonor Fonseca Pimentel e José Correia da Serra foram efectivamente personagens históricas; é verdade que ela foi uma revolucionária em Nápoles, e que ele conheceu pessoalmente o terceiro Presidente dos EUA. Porém, não há relato de alguma vez se terem conhecido e muito menos de terem mantido um relacionamento amoroso. O que, atenção, não é um problema, uma desvantagem, um defeito, para mim, porque escrevi um romance em que são várias as personagens setecentistas reais em situações imaginárias: «Espíritos das Luzes». No qual, talvez seja interessante notar, Leonor Fonseca Pimentel é uma delas.