Já se sabia, e desde há muito tempo, que o Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo, constitui um «filão» quase inesgotável para escritores, sejam ficcionistas ou não ficcionistas. Em Maio deste ano de 2024 mais um livro foi editado que confirma essa noção: «El-Rei, Nosso Senhor, Sebastião José». Um título que, de certa forma, evoca outro, não de um romance mas sim de uma biografia, e que aqui foi referido em 2022: «De Quase Nada a Quase Tudo».
Eis a sinopse: «Sebastião José de Carvalho e Melo nasceu em 1699 e viria a morrer em 1782. O que aconteceu, entre o primeiro e o último dia da sua vida, que fez dele o homem que foi? Uma nova política sócio-económica, com reformas esclarecidas da administração, do ensino, da indústria e do comércio, entre outras, e a magnífica reconstrução da parte baixa de Lisboa após o terramoto de 1755, são elementos de um importante legado. Agora, enquanto surpreendente herói ficcional, este romance desvenda a linha em que se tocam a psicologia individual do homem e o jogo político de alto nível numa das mais importantes épocas da história portuguesa, pois o rei D. José I, como outros, não raras vezes se tornou uma marioneta nas mãos do hábil e narcísico Sebastião José. Começando no dia 1 de Novembro de 1755, “Dia de Todos os Santos em que o demónio saiu a semear o Inferno em Lisboa com tremendos abalos, vastíssimas ondas e intensas labaredas”, e discorrendo sobre as memórias e as humilhações de Sebastião José antes e depois da sua ascensão ao poder, a forma como enfrentou os inimigos e os venceu, deixando-os sem terra onde semear mais injúrias, mas também o casamento, o nascimento dos seus filhos, a fortuna do amor, e os gritos suplicantes dos condenados pela ambição ou capricho do Marquês, “El-Rei, Nosso Senhor, Sebastião José” é uma história de ambição, paixão e traição desde a glória da vitória até à decadência do fim. Alvo de uma pesquisa histórica irrepreensível, a vida deste genial e sofisticado político, mas senhor da brutalidade e da manipulação, implacável ao perseguir os seus interesses, presta-se agora à imaginação de um romance pela mão de mestre de Ana Cristina Silva.»
A autora concedeu, também em Maio último, uma entrevista ao Jornal de Artes, Letras e Ideias, em que revelou as circunstâncias e as condições em que o seu trabalho foi concebido, desenvolvido e concretizado.