O Teatro Real do Paço da Ribeira, mais conhecido como Ópera do Tejo, foi construída(o) em Lisboa por iniciativa do Rei D. José e inaugurada em Abril de 1755, tendo sido destruída a 1 de Novembro do mesmo (fatídico) ano aquando do grande terramoto; em 2005 foram assinalados os 250 anos da sua (muito breve) existência. Neste ano de 2020 foram celebrados os 250 da inauguração – a 6 de Junho de 1770, data do 56º aniversário do nascimento daquele Rei, e em sua homenagem – da Casa da Ópera de Vila Rica, hoje denominado Teatro Municipal de Ouro Preto. Sim, ainda existe, e, mais do que isso, foi o primeiro teatro do Brasil e é o mais antigo em funcionamento (quase ininterrupto) da América Latina.
A construção do edifício – menos volumoso e menos ostentatório, até mesmo mais discreto, do que o seu congénere e quase contemporâneo do outro lado do Atlântico – deveu-se ao militar e empreendedor português João de Souza Lisboa. Custou 16 mil cruzados e o projecto recebeu a colaboração do então governador da capitania de Minas Gerais – José Luís de Meneses, Conde de Valadares – e do seu secretário (e poeta) Cláudio Manoel da Costa. O fundador viria a destacar e a valorizar, em carta a um amigo, ter substituído os actores (tra)vestidos de mulheres por… actrizes, nestas se incluindo, ocasionalmente, mulheres negras. Joaquim José da Silva Xavier, o «Tiradentes», terá sido um dos primeiros espectadores do teatro.
Para comemorar esta efeméride foi editado este ano no Brasil o livro «A Casa da Ópera de Vila Rica – Ouro Preto, 1770-2020», organizado pela historiadora, musicóloga e cantora lírica Rosana Orsini Brescia e ilustrado com fotografias de Lucas Godoy. Um dos textos nele incluído intitula-se «A ópera em Portugal na segunda metade do século XVIII – Os teatros régios no tempo de D. José I» e é da autoria de Aline Gallasch-Hall de Beuvink, que, recorde-se, escreveu a obra «Ressuscitar a Ópera do Tejo – O Desvendar do Mito». (Também no MILhafre.)